sábado, 29 de outubro de 2011

Médicos suspendem cirurgias ortopédicas

Margareth Grilo - repórter


O pequeno Jalisson Daniel (9 anos) aguarda há duas semanas uma cirurgia no joelho direito
As cirurgias ortopédicas no Hospital Regional Deoclécio Marques, em Parnamirim, estão suspensas, desde a última quarta-feira, 26. Apenas procedimentos de urgência estão sendo realizados. A decisão de não realizar as cirurgias eletivas é da Cooperativa de Médicos do Rio Grande do Norte - Coopmed, que mantém 20 ortopedistas na unidade. Os médicos reclamam de desabastecimento e de atraso nos repasses à Coopmed, por parte do Governo do Estado.


Há dois meses, a Secretaria Estadual de Saúde Pública [Sesap] não paga a Cooperativa. No caso do contrato dos plantões do Deoclécio Marques, Hospital Walfredo Gurgel e Samu Metropolitano, a dívida se acumula em R$ 700 mil. Além disso, há um atraso da ordem de R$ 1,6 milhão no repasse referente à alta e média complexidade. O valor é relativo aos meses de junho, julho e agosto. Os dados foram divulgados pelo presidente da Coopmed, Fernando Pinto. 

Essa verba é o complemento do Estado na tabela do Sistema Único de Saúde para o custeio de cirurgias e procedimentos de cateterismo e hemodinâmica. A área cirúrgica inclui a ortopedia, neurocirurgia, cirurgia vascular, cardíaca, endoscopia e oncologia [que abrange oito especialidades]. Por mês, a unidade de Ortopedia do Deoclécio Marques realiza 2.600 atendimentos de urgência e 200 cirurgias. Mas deveria realizar 500 cirurgias.

A informação foi repassada ontem pelo chefe da Ortopedia do Deoclécio Marques e coordenador da Ortopedia do Estado, Jean Valber. Com a paralisação, segundo ele, a situação que já era delicada, se agravou. Em três dias, a lista de espera para as cirurgias ortopédicas aumentou de 32 para 48 pacientes. Esses pacientes estão em casa aguardando chamado para o procedimento, seja no Deoclécio ou na rede completar (hospitais Médico Cirúrgico e Memorial). 

Por dia, segundo Jean Valber, dez pacientes, que buscam internação na unidade, voltam para casa. Os casos de cirurgia são incluídos na lista de espera. O ortopedista definiu a situação como sendo caótica. "O problema é que o Estado está formando uma geração de sequelados, e não faz nada para mudar esse quadro". Ontem, 30 pacientes estavam internados na enfermaria de Ortopedia - todos aguardando procedimento cirúrgico.

A operadora de máquinas Juliana Lacerda, 28 anos, está há 14 dias no Deoclécio marques. A cirurgia que precisa fazer foi adiada por cinco vezes. "Na terça, fui para o centro cirúrgico, mas  não tinha anestesistas e o médico que ia me operar simplesmente foi embora. O Estado precisa tomar uma providência, por todos que estão aqui aguardando uma cirurgia", cobrou. Ela tem fratura de úmero e como outros pacientes, tem o quadro agravado com o passar dos dias.

O garoto Jalisson Daniel da Silva, 9 anos. Aguarda há duas semanas para fazer cirurgia no joelho. Na quarta-feira, ele chegou a ir para o centro cirúrgico, mas voltou para o leito, sem que o procedimento fosse realizado. "Nós já tínhamos conseguido o fixador que precisa ser implantado para alongamento da perna, mas infelizmente veio a decisão de suspender as cirurgias eletivas", contou Jean Valber. O médico escalado não realizou o procedimento. Essa foi a segunda vez que a cirurgia de  Jalisson foi cancelada. Agora, ele depende do retorno dos médicos. "Queria ficar logo bom, mas tem que esperar", lamentou o garoto, que já tem sequela no joelho esquerdo. O setor de ortopedia enfrenta dificuldades, desde o início do ano. Em fevereiro, a lista de espera chegou a 200 pacientes. Foi reduzida pra 20, em média, mas agora cresce novamente.

Fonte: http://tribunadonorte.com.br/noticia/medicos-suspendem-cirurgias-ortopedicas/200977



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